Noite dos Cristais

Caros(as) amigos(as) da B’naiB’rith

Boa noite à todos!

Atendendo ao convite do nosso querido amigo Abraham Goldstein envio aqui a minha mensagem para esta noite de 9 de novembro que exige muito mais que algumas horas de rememoração: exige reflexão e ação por parte de todos nós (judeus e não judeus)preocupados com o futuro das novas gerações.

Os testemunhos têm demonstrado que a “Noite dosCristais” (Kristallnacht) – registrada entre 9-10 de novembro de 1938 – foi um marco na história da Alemanha e da Áustria, assim como do povo judeu tratado como pária pelo regime nacional-socialista. Alem da destruição dos símbolos judaicos, a violência ocorrida naquela noite (que se estendeu por vários dias) foi também o prenúncio de uma catástrofe muito maior que ainda estava por vir: a Solução Final para a Questão Judaica que colocou em descrédito o valor da vida e da capacidade do homem em distinguir o Bem do Mal.

O fato de estarmos reunidos nesta noite com o objetivo de “lembrar para não esquecer”, demonstra que a “ideologia do esquecimento e do negacionismo” ainda coloca em risco a memória do Holocausto. Ao mesmo tempo, constatamos que sinagogas na França e naBélgica foram recentemente pixadas e/ou queimadas. As suásticas voltaram como marca do neonazismo e do antissemitismo, assombrando as comunidades judaicas espalhadas pelo mundo. Atos como estes demonstram que a (des)razão não morreu com Hitler; e que o antissemitismo, infelizmente, não foi expurgado do mundo contemporâneo enquanto fenômeno social e político.

Os sons das vidraças estilhaçadas na Noite dos Cristais já não podem ser ouvidos; e dentro de poucos anos, não teremos mais sobreviventes do Holocausto para narrar o ocorrido. Daí a importância do registro destes testemunhos em caráter emergencial daí a necessidade da criação de políticas educativas de combate a intolerância, em todas as suas dimensões, pois massacres e genocídios continuam a estilhaçar vidraças, a agredir patrimônios e a colocar em risco milhares de vidas humanas. Lembrar é tão importante quanto “ensinara lembrar”; daí insistirmos na educação enquanto estratégia de combate e resistência ao racismo no mundo contemporâneo.

Que os sons simbólicos da Noite dos Cristais rememorados nesta data, sirvam para o despertar da memória deste mundo que continua surdo e cego diante da persistência do antissemitismo mascarado de outros “ismos”. Que esta noite instigue os jovens a criar um mundo novo para seus filhos e netos, para alem de uma noite de nostalgia.

Maria Luiza Tucci Carneiro

Coordenadora do Projeto Arqshoah/LEER

Universidade de São Paulo

Programa

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Mostra sobre o Holocausto